Olhei pro lado e vi muita gente. Altas, baixas, gente magra, bonita, feia, gente de tudo que é tipo passou ao meu lado naquele dia. Mas no final de mais de um dia de trabalho, quando olhei pros lados, não tinha mais ninguém além de mim. Nossa! Trabalhei tanto que nem notei que todos já se foram. Tá na hora de ir embora.
Pego minhas coisas, entro no elevador vazio. Na saída do prédio só encontro o vigia do turno da noite. Me despeço com um leve aceno e sigo pro ponto do ônibus. Pra minha surpresa ainda tá cheio. Ah! Esqueci que hoje teve greve no transporte público, que beleza. Meia hora depois chega meu ônibus.
Chego no meu apê, abro a porta, jogo as chaves na mesa e meu corpo no sofá. Televisão ligada, vamos ver o que tem interessante por aqui. Acabo pegando no sono em frente a TV. O relógio já bate 23h. Levanto, quase que me arrastando e termino na cama sem mesmo lembrar como fui parar lá.
Antes de fechar os olhos, meu último pensamento me remete a meu trabalho e como sem perceber fiquei sozinho trabalhando até tarde. Junto do pensamento, vem a constatação de que aquela é mais uma noite que passo só.
Toca o despertador, já são 7h da manhã. Nem abro os olhos e já me vem o pensamento em forma de suspiro “Mais um dia, mais um dia!”.
Da mesma forma que fui dormir, meu corpo se arrasta pela casa de um lugar ao outro e em poucos minutos me vejo como no dia anterior. No mesmo lugar, vendo as mesmas pessoas indo e vindo. Algumas já até me são comuns, pois afinal de contas vejo quase as mesmas caras todos os dias, mas quem são elas? O quer será que fazem todos os dias?
Não sei, mas o que observo no semblante delas não é algo muito diferente de quando me vejo no espelho. Pessoas cansadas, de poucos sorrisos, pensativas e na grande maioria caladas. É raro ver alguém puxando assunto, mas não acho isso ruim, pois eu também não sou muito de ficar dando papo pros outros.
Chego no trabalho e lembro que hoje é dia de conversar com meu chefe sobre um novo projeto que venho trabalhando que vai ajudar a corporação a crescer. Em cima da hora de nossa reunião, meu chefe me diz que surgiu um novo compromisso e que nossa reunião precisa ser adiada.
Ok, sem problemas! Já é a quarta vez que meu projeto e minha possível promoção vão pro ralo. Enfim, esse é mundo corporativo! Termino o dia me sentindo mais vez como um peça solitária em meio a uma gigantesca engrenagem que não pode parar de rodar, afinal a empresa e seus investidores precisam de resultados.
Termina outro dia. Hoje é sexta, que bom! Final de semana chegando pra descansar. Lembro dos bons tempos que tinha meus pais vivos e como eram bom estar com eles num almoço de domingo. Minha lembrança é interrompida por uma colega de trabalho que grita: “Marcos, não esquece que hoje tem happy hour, você vai né!?”
Respondo: “Claro que sim, como vou perder!?”, nem notei, mas a resposta saiu já no automático. Chega de trabalho! Hoje é sexta, então vamos curtir.
Muitos amigos a mesa, e claro, não podiam faltar as mulheres pra deixar o ambiente ainda melhor. Cerveja gelada, som alto, descontração, paquera. Nossa como eu gosto da sexta-feira, sempre tem uma surpresa boa, qual será a de hoje!?
Acordo! Olho o relógio. Caramba três da tarde! Como dormi tanto assim?!
Quando viro pro lado, olho com espanto, mas ao mesmo tempo com aquela risada de canto de boca, que surpresa boa esta sexta me reservou, hein?! Nem lembro como ela foi parar na minha cama, mas gostei do que vi, hehe.
Levanto, tomo um bela ducha quente para ver se melhora a ressaca. Penteio o cabelo, já não tem muito, mas melhor cuidar do que tem. Volto pro quarto.
Ué!? Cadê o mulherão que tava aqui! Vazou… Caramba nem deu tempo da gente conversar, que pena. Lembro repentinamente. Hoje é sábado. Tem aquela festa na casa do Paulo. Beleza, já tenho companhia pra mais tarde.
Sem perceber o sábado passou voando, já são 22h e me arrumo pra festa. Preciso de um carro, não aguento mais andar de busão. 10, 15, 20 minutos esperando a porcaria da lotação, putz assim vou perder o melhor da festa, afinal o Paulo sempre libera o melhor whisky no começo!
No caminho, nem sei porque, comecei a notar muitos mendigos e moradores de rua. Penso comigo: “Nossa! Quando estes políticos vão dar jeito nessa cidade?!”. Chegou. Tá na hora descer. O apê do Paulão e logo ali na frente.
Entro no prédio, pego o elevador. 11º andar. Só ao chegar já consigo escutar o som bombando, meu coração já dá aquela acelerada e penso comigo “Essa noite promete!”.
Quando abrem a porta fico extasiado com a gata que veio me receber. Se a de sexta era bonita, essa botava a outra no chinelo. Ele me cumprimenta e o Paulo também, mas confesso que nem olhei direito pra ele.
Pena que cheguei tarde, como era de imaginar o melhor whisky já era. Fiquei só na cerveja e energético a noite toda, mas o pior não foi isso. Chato mesmo foi constatar que aquela super gata era namorada do meu amigo Paulo. Putz, já era! Tinha outras possibilidades, mas aquela noite não era pra mim.
A festa acaba. Cada um começa a tomar seu rumo. Me despeço do Paulo e sigo meu caminho de volta. Ônibus, nem pensar! Vou de táxi. “Por favor, me leve pra Rua Alfredo Marques, 310 no Jardins”.
Não é que no caminho me deparo com outros moradores de rua, mas desta vez notei algo diferente. Não vi nenhum deles sozinho. Tinha sempre mais de um junto e alguns estavam reunidos em grupo de três ou quatro.
Um sensação de vazio me invade e na sequência começo a sentir vontade de chorar. Não compreendo o porque daquela sensação. Confuso, peço ao taxista que me deixe por ali mesmo. Ele me adverte: “Tem certeza que vai ficar aqui!? Esta área é um tanto perigosa, não está vendo?!”.
Insisto. Puxo uma nota de 20 e desço por ali mesmo. Estava só umas 4 quadras de casa. Sigo a pé. Faltando apenas uma quadra pra chegar no meu apê, noto que alguém vinha me seguindo, mas não havia percebido. Aperto o passo, mas quando me dou conta a pessoa já está ao meu lado.
Ele me aborda e diz: “Não precisa ter medo não vou te fazer mal só queria te falar algo, pode ser?”. Pensei comigo: “Ih, vai pedir alguma coisa!”, mas pra minha surpresa ele diz:
“Olha você pode até achar estranho, mas eu preciso lhe dizer que eu sei como se sente. Você tem visto sua vida sem sentido, seus dias parecem se repetir. Não vê nem mais motivo no seu trabalho. E talvez onde você tem procurado encontrar respostas, só tem encontrado a solidão e mais vazio. Estou certo?!”.
Respondo com um ar de espanto, mas sem tentar transparecer: “É… não posso dizer que não!”.
Não satisfeito o sujeito ainda completa: “Quero te dizer que talvez você esteja procurando a coisa errada no lugar errado. Muitos como você estão por aí e você esbarra com eles todos os dias. Levam suas vidas buscando preencher-se com trabalho, relacionamentos amorosos, bebidas, festas, mas já notou como a maioria anda por aí tão sozinho e com um cara de poucos amigos!?”.
“Cara é isso, desculpe se te assustei em te abordar desse jeito na rua, mas pense nestas palavras, ok!? Vou nessa, valeu!”. Ele se despede e antes mesmo deu me dar conta, dobra a primeira esquina e some.
Levei alguns segundos pra tentar compreender o que foi tudo aquilo, mas já era alta madrugada e minha casa tava logo ali. Entro, me jogo na cama e ali adormeço. Começo a ter um sonho bom em que me vejo pequeno brincando no quintal de uma casa que meus pais tinham e que gostávamos muito.
De repente, vejo meu pai vindo em minha direção e em entregando um livro, era uma pequena Bíblia. Até aí tudo bem, mas o sonho termina com meu pai dizendo: “Filho, procure este livro, procure-o o quanto antes, pois deixei algo pra você lá.”
Antes mesmo dele terminar de falar o sonho acaba e imediatamente eu desperto. Ainda era noite. Depois que eles morreram eu guardei esta Bíblia pequena e de capa marrom na minha estante da sala. Intrigado com o sonho, vou até a sala e lá está ela. Já fazia tempo que não a tirava da estante, afinal nem acreditava muito no que meus pais criam, mas como eles a liam muito, guardei por recordação.
Quando começo a folhear a pequena Bíblia, um papel do tamanho de um guardanapo cai no chão e pego pra ler. Assim estava escrito:
“Querido filho, nós te amamos muitos e sabemos que apesar de não ler este livro um dia poderá ler este recado.
Infelizmente, se está lendo agora é porque já não estamos mais aí contigo.
Filho, você sabe o quanto já falamos a respeito deste livro e de seus ensinamentos pra você. Sempre respeitamos suas escolhas e nunca insistimos que tivesse a mesma fé que a nossa. Nem mesmo Deus nos obriga a escolher a Ele, afinal ele nos deu o livre arbítrio.
Não sei como está sua vida neste exato momento que está lendo este recado. Saiba que o escrevemos com muito carinho e amor para você também que você nunca está só!
Cuidado meu filho com as coisas que este mundo pode te oferecer no pretexto de preencher o vazio de sua alma. Trabalho, bens, dinheiro, poder, mulheres, nada disso vai te fazer se sentir completo e verdadeiramente feliz.
Só há um que assim como seu pai e sua mãe, nunca vai te abandonar. E esse alguém é Deus! Você sabe que neste momento não pode nos ver, não pode nos abraçar, mas sabe também que mesmo não existindo aí do seu lado, estamos e sempre estaremos por toda vida em todas lembranças e no teu coração.
Esse é o espaço que Deus quer preencher em sua vida meu amado filho. Ele quer estar contigo nos momentos bons e ruins. Assim como estivemos contigo quando dava os primeiros passos e tomou alguns tombos. Ah! Que criança linda você era! Temos muito orgulho de você.
Filho, sei o quanto pode parecer difícil acreditar em um Deus que não podemos ver. Mas pense, nele como se fosse nós. Eu e sua mãe. Você não pode mais nos ver, mas sabe que somos verdadeiros. Sabe que estas palavras que deixamos são de amor e visam o teu bem.
Só te pedimos uma coisa meu filho querido, olhe pra Deus com o mesmo carinho que sempre olhou pra nós. Dê uma chance a você mesmo. Peça a Ele com suas palavras para que entre em sua vida e faça morada no seu coração e em seus pensamentos.
Tenho certeza de que vai experimentar de uma PAZ que nunca provou antes. Aquele vazio que você sente vai embora e não vai ficar mais ansioso buscando respostas por aí.
Bom é isso meu filho, acreditamos que esse era o melhor presente que podíamos deixar pra você!
Com amor de seu pai e mãe!”
Se você leu esta história e ela tocou no mais profundo do seu íntimo é porque talvez esteja se sentindo como nosso amigo Marcos Paulo. Só, com um vazio que não sabe como preencher e cansado de procurar respostas.
Te convido a aceitar o mesmo convite que os pais de Marcos fizeram a ele. Fale agora com Deus com suas palavras e convide para que ele faça morada em seu coração e dê um novo significado para sua vida.
Depois me conte como foi esta experiência comentando este artigo.
Que Deus te abençoe e encha sua vida com a PAZ que só Ele pode dar!
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